Ano novo, vida velha. Claro, existem variações. Mas, tudo dentro dos limites impostos pelo imenso Curral onde encenamos nossas novelas diárias.
Você poderá rir, chorar, dar cambalhotas, espernear, elogiar, criticar, criar, curtir, postar, fazer tatuagens, colocar piercing, tomar porre, cantar rock , correr, caminhar, usar máscara em protestos, fazer má-criação, beicinho. Tudo é permitido, dentro do espaço estabelecido pela cerca.
Não se esqueça de que temos donos aqui na terra. Fora daqui, embora nunca tenhamos visto, acreditamos que somente Deus possua a nossa escritura definitiva.
Aqui no Curral, conhecemos nossos donos, podemos vê-los e, principalmente, senti-los.
Alguns tentaram pular a cerca e construir espaço próprio. Deram-se mal.
As práticas para crescer dentro do Curral, sempre foram as mesmas: acertos com quem manda.
Isso é coisa muito antiga, várias corporações que ao longo do tempo tornaram-se robustas, mamaram e cresceram nas volumosas tetas dos governos.
Inúmeras licitações são feitas para inglês ver. Sempre ganham os aliados ou, mais sofisticadamente, os “parceiros alinhados com as diretrizes dos governos”.
E, uma vez lá dentro, é como se você estivesse no Paraíso.
Tudo é fácil, grana a rodo, todo mundo feliz, velhos e novos ricos unidos numa espécie de corporativismo da mamata.
Almoços, happy-hours, jantares, coquetéis, acordos, uma delícia que durará até as próximas eleições.
Esse ano, o sonho de Anggellinnus Boccattus era trabalhar menos, curtir mais a vida. Ainda não vai dar. Mas, pelo cenário que está se desenhando para as próximas eleições, ele acredita que finalmente vai conseguir “se alinhar com as diretrizes de um novo governo”.
E então, no ano que vem, seu sonho finalmente se realizará e Ruddes, eufórico, ganhará inclusão social nas tetas também.